- Detalhes
-
Quarta, 17 de Fevereiro de 2010 - 15:16
As questões ambientais e o aquecimento global são conhecidos por todos os que se interessam pelo meio ambiente. No entanto, poucos daqueles que estudam, trabalham ou passam pela academia conhecem as consequências da ação humana sobre a área urbana. Um exemplo disto é o que está acontecendo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que mesmo ficando às proximidades do Parque das Dunas, a temperatura no campus tem aumentado.
É o que mostra a dissertação de mestrado Análise Bioclimática como Ferramenta de Implementação do Plano Diretor do Campus da professora Sheila Oliveira de Carvalho, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFRN.
“O campus foi construído com padrões arquitetônicos incompatíveis com o clima local, atrelado a um estilo brutalista de arquitetura do final do modernismo, quando adotou-se uma tipologia direcionada a outro clima, na qual predomina o uso de paredes de pedra, telhas de fibrocimento, janelas de vidro e abundância de concreto armado aparente. Todos, materiais com alto índice de absorção da intensa radiação solar local, e que são inadequados para a região”, explica a professora.
Mesmo durante à noite, período em que a temperatura diminui, o calor se conserva nas salas de aula e a principal solução acaba sendo o ar-condicionado, o que aumenta consideravelmente o gasto de energia elétrica.
A pesquisa também revela que a universidade possui diversas áreas ociosas, como os enormes estacionamentos compostos por paralelepípedos que colaboram para a absorção de calor e uma permanência térmica de calor durante a noite. A principal solução apontada pelo estudo seria aumentar a presença de árvores nos estacionamentos para que cada vez menos paralelepípedos fiquem expostos ao sol durante o dia.
Não são apenas as pessoas motorizadas que estão sentindo o calor que vigora no campus. Quem tem de andar a pé sente o calor do sol diretamente na pele. A dissertação de mestrado revela que os caminhos de circulação dos pedestres também estão pouco arborizados. Logo, são mais áreas expostas ao calor e, consequentemente, mais absorção de irradiação solar. Aumentar a quantidade de árvores para gerar sombra seria, mais uma vez, a principal solução apontada pelo estudo para resolver o problema.
Para a professora Sheila, mesmo com tantos pontos que favorecem a elevação da temperatura, a UFRN também apresenta pontos positivos, como, por exemplo, as áreas verdes, que ajudam a tornar mais agradável o dia a dia dos funcionários, professores e alunos na instituição. Elas são compostas por pequenos bosques e gramas que ainda sobrevivem e relutam em meio a tanto concreto. As plantas ajudam a manter a umidade da noite e da madrugada por meio da fotossíntese, até mesmo no verão quando as temperaturas são mais elevadas.
A professora explica a importância de aumentar e de preservar essas áreas. “Quanto menos solos naturais, menos evaporação, e menos possibilidade da estrutura urbana perder calor por evaporação, favorecendo o aumento das temperaturas”. No campus ainda há muita área que permite a captação e a absorção-evaporação das águas, o que ajuda a manter um bom ambiente para o convívio social.
Segundo o estudo, ao lutar para transformar o espaço geográfico em um lugar habitável para a humanidade, o homem deve pensar e repensar o seu agir com o meio ambiente. "Pesquisas como esta ajudam a entender a interação do homem com o seu habitat urbano e a encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento, a preservação e o bem-estar social. As instituições de ensino superior são microcosmos de nossa sociedade e como tal devem ser exemplo". Os estudos da professora Sheila dão uma noção de como é possível aliar um plano diretor ao conforto de se morar em uma cidade como Natal.
Estrutura arquitetônica
No minidicionário Larousse da língua portuguesa, campus significa o conjunto de prédios e de terrenos de uma universidade ou colégio. Um campus possui até mesmo um setor de administração, o que nos lembra uma cidade que, como toda cidade, deve ser planejada arquitetonicamente.
A UFRN foi planejada arquitetonicamente, em 1971, pelo arquiteto e engenheiro civil paraense, Alcyr Meira. A instituição ainda possui as mesmas limitações de antes, ou seja, é cercada por uma avenida, 3 conjuntos habitacionais, quartel militar e o Parque das Dunas.
Da década de 1970 até hoje muitos prédios foram construídos no terreno do campus central, em seus 123 hectares de área. Na época da fundação, os bairros que faziam vizinhança com a UFRN não eram tão populosos e também não havia muitos prédios na estrutura da universidade. Apesar das diversas transformações, o que ainda permanece é o Parque das Dunas. Além disso, a preservação do parque nunca se mostrou tão importante quanto hoje, quando o mundo tem parado para prestar mais atenção ou para cuidar da natureza.
Assessoria de Comunicação da UFRN