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Pesquisadores da UFV promovem a maior expedição já realizada na Antártica

ufv_antartidaSob um frio de cinco graus negativos, a equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa  passou 40 dias na Antártica para  instalar uma rede de sistemas de monitoramento da temperatura e umidade do solo e do ar. Para isso foi preciso sair do conforto da estrutura da Estação Comandante Ferraz, criada para abrigar pesquisadores e acampar em diversoslocais da Península Antártica para instalar os equipamentos. Esta foi a maior campanha de pesquisa terrestre já registrada no continente gelado da Antártica, desde o início do Programa PROANTAR - Brasil, em 2002. Desta vez foram 23 pesquisadores entre professores e estudantes de pós-graduação da UFV e de outras instituições parceiras. Para reunir estes pesquisadores a UFV criou o Núcleo TERRANTAR, coordenado pelo professor Carlos Ernesto Schaefer, do Departamento de Solos.

O Terrantar faz parte do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, que, por sua vez, reúne pesquisadores do todo o país que realizam pesquisas na Antártica. Na UFV já foram desenvolvidas diversas teses de mestrado e doutorado que estudaram as mudanças climáticas, as características dos solos de regiões frias, as emissões de carbono dos solos e os efeitos da poluição causada pelo homem. As expedições no continente gelado só são possíveis na época do verão na Antártica. Os sistemas permanentes instalados para monitoramento da temperatura e umidade do solo e do ar, iniciados em 2007 e finalizados na campanha de 2011, vão gerar dados horários durante cinco anos para ajudar a compreender as tendências e os efeitos das mudanças climáticas na estabilidade do permafrost (camada de solo permanentemente congelada) ao longo de um gradiente climático e pedológico do continente Austral.

O estado térmico do solo permanentemente gelado é uma variável ambiental fundamental para o estudo dos impactos das mudanças climáticas globais. Segundo o professor Schaefer, apesar de bem estudada no hemisfério norte, existe uma grande lacuna acerca desta variável nas regiões frias do hemisfério sul, em especial na Antártica e nos Andes. Atualmente, o grupo da UFV é responsável por 20 sítios de monitoramento na Antártica e, até o momento, por três sítios nos Andes, no Equador, Argentina e Chile.  Esta é uma importante contribuição brasileira às redes internacionais do Global Terrestrial Network for Permafrost monitoring (GTN-P) e Active Layer Monitoring System (CALM), dedicadas ao estudo de mudanças climáticas em solos e permafrost em áreas frias.

Além da pesquisa de solos, o TERRANTAR vem desenvolvendo estudos sistemáticos sobre a resposta dos ecossistemas terrestres às mudanças climáticas. Estas respostas são estudadas observando-se a relação solo-vegetação e promovendo experimentos de campo para medição do fluxo de gases estufa (dióxido de carbono, metano e óxido nitroso). Enquanto no hemisfério norte é bem estabelecido que o derretimento do permafrost causado pelo aquecimento global resulta na liberação de quantidade expressiva destes gases, na Antártica a pergunta permanece aberta, e os primeiros resultados publicados pelo projeto apontam diferenças significativas. Para o cumprimento dos objetivos da operação foram realizados ao todo cinco acampamentos, distribuídos nas Ilhas Seymour, Rei George e no vulcão de Deception, completando nove anos de levantamentos de solos contínuos na região da Antártica Marítima. O projeto contou com apoio integral do Navio Polar Almirante Maximiano, da Marinha Brasileira, que deslocou-se por mais de 40 dias, e navegou por mais de três mil  km em águas polares.

O monitoramento de mudanças climáticas em solos realizado pelo projeto TERRANTAR já evidenciou grandes diferenças no comportamento do degelo de permafrost na região estudada, revelando diferenças significativas com a marcha de mudanças do clima atmosférico da região. Segundo os pesquisadores, tais diferenças devem-se à natureza física e química muito variável dos solos da região. Isso resulta em profundas alterações na resposta às mudanças climática globais e na elevação do nível dos oceanos.

A Antártica é responsável por 90% do gelo do planeta e por 80% da água doce. Por causa das correntes marítimas, qualquer alteração da temperatura da região provoca reações nos outros continentes, o que amplia ainda mais a importância das pesquisas nesta área aparentemente inóspita. Participaram da campanha deste ano os professores Carlos Schaefer, Raphael Bragança Fernandes e Felipe Simas da UFV,  Eduardo Mendonça e Caio Turbay da da UFES e  Marcio Francelino, da UFRJ,  bem como os pesquisadores portugueses Alexandre Nieuwendman e Antonio Correia, da Universidade de Lisboa e Évora. Diversos pós-graduandos da UFV e de instituições parceiras, como a UNESP e USP, realizaram coletas de campo que resultarão em seis teses de doutorado e sete dissertações de mestrado. Pela UFV, participaram estudantes dos programas da Botânica, Solos e Nutrição de Plantas e Meteorologia Agrícola.

Léa Medeiros/ Bianca Damas

 

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